Governo vai lançar residência educacional para futuros professores

31/07/2013 09:23

A melhoria do ensino público em todo o país esbarra em vários problemas de estrutura, inclusive falta de professores. Só em São Paulo, o governo pretende contratar ainda neste ano 59 mil profissionais, mas muitos estudantes nem pensam em concorrer a essas vagas.

Quem quer ser professor é visto como um romântico, que não liga para salário. Em São Paulo, a Secretaria de Educação vai tentar contratar mais de 50 mil professores e vai lançar um programa para que os futuros mestres façam uma espécie de residência, como a dos médicos, nas escolas. Mas, nem isso parece animar que está prestes a fazer vestibular.

Raquel quer ser professora na rede pública.

Repórter: Professora de quê?
Raquel: Geografia. Eu pretendo dar aula em escola pública e ensino fundamental.
Repórter: Por quê?
Raquel: Para agregar à educação brasileira. Eu acho que está muita fraca e precisa de pessoas que tenham amor pela profissão.

A escolha de Raquel causa surpresa entre os colegas. Ela é uma das únicas com o desejo de ser professora em uma sala com mais de 70 alunos de um cursinho pré-vestibular.

“Não desperta o meu interesse. Não penso em trabalhar na educação”, diz Jéssica Dias Assunção dos Santos.

O que faz um jovem preferir outra profissão e não se encontra com a ideia de ser professor? O salário certamente é uma das razões.

Segundo o IBGE, o salário médio no Brasil para quem tem ensino superior está dividido por áreas: Ciências exatas, mais de R$ 5 mil; Ciências da saúde, mais de R$ 4 mil; Ciências humanas, mais de R$ 3 mil; Professores com ensino superior, R$ 1.707.

Além do salário, o professor da rede pública costuma enfrentar situações complicadas.

“Vai com empenho de dar aula, vê que é só ele. Não tem muita gente que vê o lado que ele vê”, diz Bonfim Hieron de Souza Alencar, professor de matemática.

O fato é que hoje faltam professores no Brasil inteiro. Em São Paulo, um concurso público pretende contratar 59 mil professores.

“O desafio é fazer com que a carreira seja atrativa porque os jovens das licenciaturas, que estão cursando as universidades, tenham na carreira do magistério o interesse em participar”, declara Herman Jacobus Cornelis Voorwald, secretário estadual de Educação – SP.

E a Secretaria da Educação vai investir em um programa de residência educacional. Para os especialistas, não é só o salário que afasta os jovens da profissão.

“Ele é o principal profissional do país. Todas as outras profissões dependem do professor. Se a gente não tiver esse entendimento no Brasil, dificilmente a gente vai garantir educação de qualidade para todos”, diz Priscila.

Por esse programa, a residência educacional, o aluno de licenciatura interessado em ser professor recebe R$ 600 por mês, entre bolsa e auxílio transporte. Enquanto ele faz faculdade também tem que ir para uma escola, para participar das atividades pedagógicas e se acostumar com a profissão. O projeto está na fase piloto e tem cerca de 3,5 mil inscritos

https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/07/governo-vai-lancar-residencia-educacional-para-futuros-professores.html