Estudos chamam a atenção para a incontinência urinária em idosos

22/08/2012 19:10

Várias matérias do Jornal Folha de S.Paulo veem divulgando pesquisas, programas e tratamentos inovadores no tratamento da perda espontânea de urina, conhecida como incontinência urinária. Chamamos a atenção para uma delas, intitulada “O problema da incontinência urinária na população idosa”, que traz um estudo realizado pelo médico José Tadeu Nunes Tamanini e colaboradores, sob a coordenação da Organização Mundial da Saúde, mostrando que a incontinência urinária é um sintoma altamente frequente na população idosa de São Paulo, com maior incidência em mulheres.

A pesquisa foi realizada com 2.143 pessoas idosas, 26,2% do sexo feminino e 11,8%, masculino e publicada na revista “Cadernos de Saúde Pública” em 2009. Mais recentemente, a Revista da Escola de Enfermagem da USP destacou a importância de outro estudo que chama a atenção médica para a incontinência urinária, pelos seus impactos negativos na vida emocional, social e econômica do idoso.

Esse estudo focou sua análise nas queixas de pacientes de um ambulatório de geriatria. A perturbação foi considerada pela maioria dos pacientes como muito grave. Em festas e reuniões, surge o receio de perder urina e exalar odores, causando um grande transtorno, além de custos com fraldas geriátricas. O estudo conclui que é necessário que as autoridades médicas passem a se preocupar com esse transtorno, principalmente porque o aumento da população idosa brasileira (prevista para 17,6 milhões em 2025) poderá criar mais um problema de saúde pública.

Portanto, vários profissionais de saúde, não só urologistas, podem orientar para prevenir ou amenizar esse desconforto, além de ajudar a tratar a incontinência urinária.

Incontinência urinária pode ser tratada?

Estudos apontam que 60% dos casos de incontinência urinária com indicação cirúrgica poderiam ser tratados com exercícios. Em São Paulo, um programa inédito do Hospital do Servidor Público Estadual, que envolve ginecologista, urologista, proctologista e fisioterapeuta, tem tratado mulheres incontinentes apenas com exercícios para fortalecer a musculatura do períneo.

O princípio é o mesmo da musculação. São vários exercícios que trabalham os músculos internos da vagina ou do ânus. Envolvem o uso de pesinhos de diferentes cargas e eletroestimulação para ativar os mecanismos neuromusculares, explica a ginecologista Raquel Figueiredo à grande imprensa.

Como qualquer outra musculatura do corpo, os exercícios para o períneo só funcionam se houver disciplina e persistência e o tratamento é para o resto da vida, mas poucas mulheres buscam ajuda, por vergonha, por não saberem que há tratamento ou porque são mal orientadas, levando-as muitas vezes ao isolamento e a gastos com fraldas geriátricas que poderiam ser desnecessárias após alguns exercícios.

Cabe aos profissionais de saúde perguntarem sobre a perda espontânea de urina a seus pacientes que por vergonha ficam caladas, pois muitas vezes a incontinência urinária está associada em 16% dos casos à perda espontânea fecal, aumentando o constrangimento e isolamento das pessoas.

EUA aprovam uso de botox para casos de incontinência urinária

Além de ser usado para melhorar a aparência das rugas faciais, o uso do botox foi aprovado para o tratamento de dor de cabeça crônica, em certos casos de rigidez muscular, para sudoração nas axilas e para tratar pacientes que sofram contração ocular ou tenham os olhos não alinhados. Em agosto do ano passado, o botox também foi aprovado para tratar incontinência urinária de pessoas com quadro neurológico grave, como a esclerose múltipla, e que sofram de hiperatividade na bexiga.

As contrações incontroladas da bexiga em pacientes que sofrem transtornos neurológicos fazem com que eles sejam incapazes de controlar a urina, tendo que usarem fraldas geriátricas 24 horas ao dia. O tratamento padrão inclui medicação para relaxar a bexiga e cateteres para esvaziá-la regularmente, disse o órgão em comunicado à imprensa internacional.

A injeção do botox é realizada mediante uma citoscopia, procedimento que requer anestesia geral e que permite ao médico visualizar o interior da bexiga. A duração efetiva da terapia é de aproximadamente nove meses, segundo a FDA.

Dois estudos clínicos com 691 pacientes que sofriam incontinência urinária, resultado de algum dano na medula espinhal ou por esclerose múltipla, mostraram estatisticamente reduções significativas na frequência das incontinências pelo grupo que tinha aplicado o botox, em comparação com o que tinha sido tratado com placebo.

Os efeitos secundários mais comuns no tratamento com botox foram infecção urinária e retenção urinária, que tem que ser tratada mediante cateter.

Referências

ABRAMCZYK, J. (2011). O problema da incontinência urinária na população idosa. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0910201104.htm. Acesso em 19/07/2012.

COLLUCCI, C. (2012). Incontinência urinária é tratada sem cirurgia em hospital. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/827746-incontinencia-urinaria-e-tratada-sem-cirurgia-em-hospital.shtml. Acesso em 19/07/2012.

EFE (2011). EUA aprovam uso de botox para casos de incontinência urinária. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/964851-eua-aprovam-uso-de-botox-para-casos-de-incontinencia-urinaria.shtml. Acesso em 19/07/2012.

 

FONTE: PORTAL DO ENVELHECIMENTO

https://portaldoenvelhecimento.org.br/noticias/saude-doenca/estudos-chamam-a-atencao-para-a-incontinencia-urinaria-em-idosos.html